Setembro Amarelo: conscientização e prevenção ao suicídio
Data de Publicação: 23 de setembro de 2021
No mês de setembro temos a campanha Setembro Amarelo, que visa a conscientização sobre a prevenção do suicídio e esclarecer e alertar a população sobre a realidade do suicídio no mundo. Cabe ressaltar que prevenção ao suicídio se faz com financiamento da rede de atenção psicossocial, tem que ser feita o ano inteiro e exige a defesa do SUS.
O tema é delicado e ainda tratado por muitos como um tabu. Os dados estatísticos sobre o suicídio apontam para a necessidade da problemática ser melhor debatida por nossa sociedade. Sabemos do crescente número de casos, principalmente entre os jovens, sendo um grave problema de Saúde Pública. A família e comunidade ficam extremamente impactadas, podendo ter efeito de trauma quando perdem uma pessoa por um ato suicida.
O que levaria uma pessoa a tirar a própria vida é uma das questões levantadas por muitos ao se depararem com a notícia do suicídio de alguém. Os comportamentos suicidas podem ser conceitualizados como um processo complexo, que pode variar desde a ideação suicida (que pode ser comunicada por meios verbais e não verbais), até o planejamento do suicídio, tentativa de suicídio e, no pior dos casos, o ato suicida. Tais comportamentos podem ser influenciados pela interação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, ambientais e situacionais.
Além disso, as formas de suicídio podem carregar mensagens diferentes com algumas recorrências, como nos casos por amor, ressentimento, ou até mesmo dificuldade financeira através de um sentimento de desonra, por exemplo. Ainda, os sujeitos podem estar tomados por um pico de angústia muito alto, uma vida sem sentido, solidão e isolamento intensos. Também, acusa uma dor psíquica melancólica ou depressiva com pouco recurso para simbolizar esse sofrimento. Muitas vezes, há uma alienação e apagamento do desejo pela vida.
A maioria das pessoas que se mata deu avisos de sua intenção. Sejamos mais empáticos e atentos a uma pessoa que pensa em morrer, visto que a mesma quer parar de sofrer diante de uma dor tão avassaladora. Além disso, a sociedade pode buscar acolher mais, sem julgamentos, e, assim, ajudar a pessoa que se encontra num estado de sofrimento psíquico intenso.
Quem pensa em suicídio é muito importante buscar falar sobre o assunto. Ao passar por um processo de fala e endereçar a palavra a outra pessoa - desde que, efetivamente, escutada - pode salvar uma vida. O sujeito em sofrimento também precisa de intervenção profissional. A palavra dá sentido e pode substituir o ato.
A campanha Setembro Amarelo pode ser considerada muito importante para fazer falar mais e abertamente sobre este tema complexo e tão humano. Assim, se abre um novo caminho desprovido de vergonha ou preconceitos. Falar do suicídio é falar de morte, e também confronta o sujeito com suas faltas.
Assim, tais momentos, tão difíceis, podem ser usados para ampliar as questões com as quais o sujeito está se deparando, como: o que pode estar acontecendo? Por que está sendo tão difícil viver? Poder se perguntar sobre esse sentimento paralisante e, assim, desejar saber e investigar o que se gosta, ressoa, e o que o move na vida é uma importante tarefa sobre si.
A rede de saúde do município de Bom Princípio pode ser acessada através das Unidades Básicas de Saúde e UPA. Você também pode contatar o CVV - Centro de Valorização da Vida - pelo 188.
Luciana Soares - psicóloga na Atenção Básica de Bom Princípio, especialista em Saúde Mental e em Atendimento Clínico