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Notícias

Morre Ignácio Neis, compositor do Hino de Bom Princípio


Data de Publicação: 24 de fevereiro de 2019
Fotos: Alex Steffen. Foto: Flávio Dutra/JU
Crédito: Alex Steffen. Foto: Flávio Dutra/JU



Por entre várzeas e montes, Bom Princípio servira de inspiração Ignácio Antônio Neis. Era ainda bem menino, com sete aninhos apenas, e foi apresentado à música por uma professora. Olhava tudo com admiração e, ainda que não soubesse, passava a entrar nas páginas da história daquela pela que colônia.

Nascido na década de 1930, numa quase intocada colônia teuto-brasileira, até então nominada como vila de Bom Princípio, por alguns, e como Winterschneiss, pela ampla maioria residente nos entornos do Arroio Forromeco e do Rio Caí, Ignácio vivenciou um mundo em guerra. O idioma alemão era proibido e as escritas que haviam nas paredes da Igreja Matriz eram apagados. Mas, não poderiam ser retirados de sua mente, jamais, os acordes que ouvira em um harmônio. Instrumento que dedilhou, recluso a pequenos momentos de solidão infantil. Quando a professora lhe flagrou tocando as teclas e delas retirando harmônico som, ao invés de xingar (o que seria comum então), correu ao pai de Ignácio e recomendou a compra de um instrumento. E assim foi feito, e ele, Ignácio Neis, ganhava um companheiro para toda a sua existência.

Bom Princípio crescia, mas, ainda assim, era demasiado pequeno para que o jovem Neis pudesse evoluir em saber e cultura. Radicado em Porto Alegre, na década 1960 criou um grupo vocal, o Canários de São José, na Escola Roque Gonzales, e deste momento em diante fazia do seu lazer alegria e inspiração para muitos. Se não seguiu os caminhos do sacerdócio, como padre, o fez como guia cultural de muitas pessoas. Professor universitário e fluente em muitos idiomas de origem latina e, claro, no alemão que aprendera de berço, Ignácio Neis foi mestre universitário, ensinando, a arte através das letras. Como também o fazia pela música, em 1995, já aposentado, iniciava o Coral de Letras, o que, à posteriori, virou tema de livro.

Como descobrira, ainda menino, acariciar as teclas, fossem elas brancas ou pretas, era a sua vida. Harmonizava como poucos e buscava a arte em cada acorde. Inúmeras vezes voltou à sua terra natal apresentando-se ao lado do Coro Masculino. Se dizia apaixonado pela música, mas não um concertista solo. Era um músico nato e em essência, uma jóia bruta descoberta, muito bem lapidada pela vida e por si próprio.

Em 1988, seis anos depois da emancipação de Bom Princípio, onde ele ainda tinha familiares, dentre os quais as suas irmãs Alféria Neis (casada com Ivo Klering) e Lydia Neis (casada com Carlito Schons), lhe dava oportunidade dele escrever o hino do novo município. Talvez não seja a sua maior obra, mas o imortalizou em sua terra natal. Assim, em seu adeus, aos 86 anos, no domingo 24 de fevereiro de 2019, o hino ecoará em mentes e corações. Lembrado será como organista e amigo da arte, seguindo o que diz o verso final do hino:

Os teus filhos, modestos ou com glória,
Perto ou longe, com alma e coração,
Te consagram nas páginas da História
A serviço de Deus e da Nação.

Acesse o áudio do hino.

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